Minha cunhada Telma, em recente mudança de apartamento, encontrou esquecida numa gaveta esta toalha natalina inacabada. Ainda mantinha os fios de marcação para pintura e ligeiros traços do motivo. A pintura foi iniciada por Maria Cecília, sua falecida mãe e sogra que eu não conheci, infelizmente. Contam que ela era admiradora de trabalhos manuais, e que além da pintura em tecido, bordava e crochetava muitos bem. Tenho comigo alguns de seus trabalhos.
A doença que a acometeu e a levou a morte não permitiu o término da pintura na toalha, sendo depois reiniciado pela também falecida tia Irene. O estilo de uma difere do de outra, resultando um trabalho interessante e original. Isso tudo aconteceu há muitos anos.
Coube a mim a responsabilidade e o desafio de terminar a peça com o toque final do barradinho de crochê.
A toalha está pronta agora, anos depois do seu inicio, ainda em mãos da família Caetano, e deverá decorar a mesa de Natal de minhas queridas cunhadas.
Tudo isso demonstra que a vida não acaba nunca, e que as páginas deste nosso livro sagrado, quando bem escritas, perpetuam e são lidas e relidas e inspiram as novas gerações, que às vezes corrigem algumas, reescrevem outras ou acrescentam páginas novas. Assim é e assim será.
As artes manuais (crochê, tricô, pintura, bordados, etc.) são para alguns, coisa de velhos, gente antiga e passada. Para mim é um prazer que tenho em fazer e doar algumas peças porque com elas vão também as alegrias e afetos que tenho, e sei que muitas ficaram para sempre (como esta linda toalha), guardadas de fato ou simplesmente na memória de cada um.